Lições

Postado em 27/02/2014 às 20:25
Escrever é algo bem complicado para mim, mas ao topar participar do projeto da Revista Fazer o Bem descobri que tem coisas bem mais complicadas do que isso. Que fique bem claro: apesar de ser complicado é muito satisfatório!
Várias foram as situações que passei e as lições. Já perdi até as contas... Mas são justamente elas que fazem tudo isso valer a pena.
Toda essa conversa me faz recordar uma frase do livro - Quando a Vida Escolhe, Zibia Gasparetto - “Todos os acontecimentos da vida guardam lições preciosas”.
Uma lição pode ser dada de várias maneiras e as vezes nem precisa de palavras. Pode ser um sorriso, um abraço, um aperto de mão, um olhar... Por sinal, quando esses gestos são dados com sinceridade, palavras não são necessárias.
Nesse texto vou falar de três casos. Dois aconteceram comigo e um com uma amiga, mas como foi marcante vou falar dele também. Primeiro irei citar como foi cada caso e no final digo o que aprendi com cada um.
O primeiro caso foi no Lar Tores de Melo, fomos até lá para fazer uma matéria para nossa primeira edição e foi lá que conheci a Dona Fátima, uma senhora muito engraçada e otimista, ela logo me puxou para o seu quarto e começou a mostrar suas fotos de fantasias, de roupa de baile, dos concursos de dança e até tirou do armário sua roupa de gala. Sempre sorridente e empolgada contava suas histórias.
O segundo caso foi no Antigo Leprosário localizado em Rendenção – CE, foi na época do natal e lá conheci o Sr. Tibúrcio. Quando chegamos junto com o papai noel na ala masculina, todos estavam na frente, entregamos o presente, conversamos , tiramos fotos, Sr. Tibúrcio não sorria para as fotos, mas que fique claro que ele sempre estava com um sorriso. Assim como muitos, ele usa cadeira de rodas e com uma agilidade incrível nos levou até o seu quarto.
Quando entramos nos deparamos com vários desenhos colocados nas paredes, algumas folhas, lápis e giz de cera jogados em cima de uma mesinha. Durante a conversa ele assumiu que sentia saudades de um lar de verdade, mas quando falávamos de seus desenhos ele sorria com muito orgulho.
O terceiro e último caso também aconteceu no Antigo Leprosário, dessa vez com o Sr. Pacatuba, que também é cadeirante. Como disse, nesse dia eu não estava presente, mas foi uma história que ficou marcada. No dia da visita descobriram que era aniversário dele, todos perguntavam o que ele queria de presente, que levariam no próximo encontro e Sr. Pacatuba sempre respondia nada, insistiam, insistiam e ele continuava firme dizendo que não precisava.
É impossível passar por lá e não se apaixonar pelo Sr. Pacatuba, sempre sorrindo e disposto a conversar, todos o adoravam por isso insistiam tanto em lhe dar um presente. Só sei que depois de tanta insistência finalmente ele aceitou. O seu pedido foi uma chave de fenda, todos ficaram curiosos, e sempre sorridente ele explicou, preciso de uma para ajeitar a cadeira de rodas do meu amigo.
O que aprendi nesses três casos? Dona Fátima me mostrou que todos os momentos devem ser aproveitados com muita intensidade e que não adianta o que esteja passando leve a vida sempre com muita alegria e disposição.
Sr. Tibúrcio mostrou que mesmo com pouco, coisas maravilhosas podem ser feitas e se orgulhe disso, além disso ele me mostrou que se tivermos um desejo, mesmo que seja “impossível”,não se sinta incapaz, continue tentando e sempre feliz que assim, as soluções irão aparecer.
Já o Sr. Pacatuba, acho que ficou claro, né? Ele nos deu a lição do amor ao próximo. Hoje, sempre que preciso lembro-me desses três casos, os considero minha fonte de determinação, sou eternamente grata à eles.
Kelly Cristina, colaboradora da Revista Fazer o Bem