No fim de 2010, em uma de suas andanças por BH, Arthur Sant’Ana e a amiga Julia Fontes começaram a reparar no comportamento truculento de alguns passageiros dentro dos ônibus. Conversa vai, conversa vem, chegaram a uma conclusão: está faltando amor no mundo. Motivado pela vontade de mudar o cotidiano das pessoas com pequenos gestos, o estudante de publicidade e propaganda, de 25 anos, criou o coletivo Desestressa BH, em meados de 2011.

 

Com o discurso da delicadeza, iniciou uma série de intervenções na cidade. Primeiro, nos ônibus mesmo. Enquanto Sant’Ana toca violão, colegas distribuem o “manifesto do amor”, no qual escrevem em favor da gentileza, lançando um olhar para as coisas simples da vida. “Muitos acham que queremos dinheiro, mas no fim explicamos que a interação é apenas um presente”, afirma Sant’Ana.

 

O Desestressa BH conta com mais de vinte voluntários fixos – os chamados conselheiros –, mas, a cada ação, cresce o número de adeptos. No Parque das Mangabeiras, o Piquenique do Amor, por exemplo, já atraiu mais de 1 200 belo-horizontinos. “O encontro tem música, guerra de balão d’água e outras atividades que remetem à infância”, diz

 

No Natal, numa espécie de flash mob, os integrantes se reúnem no centro da cidade e distribuem presentes a quem passa. O grupo também se mobiliza em função da Feira Grátis da Gratidão, realizada de dois em dois meses em diferentes lugares. Nela, as pessoas oferecem qualquer coisa, de roupas a livros, e levam para casa o que desejam, sem pagar por isso.

 

Uma das últimas empreitadas da turma, em parceria com outros coletivos da capital, foi o projeto Ponto do Livro, instalado em uma das paradas de ônibus da Praça da Liberdade. A ideia é simples: para pegar um livro, é necessário deixar outro no lugar.

 

“Nós vamos para a rua quebrar essa inércia em que vivemos e ver o brilho nos olhos e o sorriso das pessoas.” Um belo exemplo de que não é preciso muito para fazer o bem. Como disse o poeta Manoel de Barros, “a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”.

 

Matéria extraída do site Planeta Sustentável