“Nem parece que a Bianca tem câncer”, diz, emocionada, a dona de casa Bruna dos Santos, de 25 anos, ao observar a filha de 3 anos amassando, apertando, enrolando e modelando massinhas. A menina tem leucemia e, desde janeiro de 2013, se submete a um duro tratamento na Santa Casa, em Santa Efigênia. Ao lado da sala de atendimento da oncologia, em um playground improvisado, Bianca e outros dez pequenos pacientes se esquecem da doença e se divertem.

 

O ambiente foi idealizado em agosto de 2010 pela pedagoga Denise Soares de Almeida, de 38 anos, mais conhecida como a “Tia da Massinha”. De forma voluntária, ela reserva as manhãs de terça-feira para ensinar as lições a vítimas da doença. Trata-se da chamada classe hospitalar, uma modalidade de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação para que crianças internadas possam continuar acompanhando o currículo que teriam no colégio. “Elas estão passando por um tratamento, mas são crianças como quaisquer outras, que têm direito ao estudo”, afirma Denise.

 

Segundo a pedagoga, meninas e meninos em tratamento costumam ficar atrasados no desenvolvimento escolar - não raro, perdem o ano letivo. A meta de Denise é contribuir para que pelo menos alguns deles, apesar das agruras da doença, consigam ser aprovados. Antes de procurar a Santa Casa, ela ofereceu o projeto, que não tem custos para o hospital, a duas outras entidades. “Rejeitaram a proposta e ainda tiveram a coragem de me perguntar por que faço isso, já que as crianças vão morrer mesmo”, conta, indignada.

 

A pedagoga também acolhe alunos com câncer no Instituto Educacional Sete Anões, do qual é diretora e proprietária. Na escola instalada no bairro Lagoinha Leblon, as crianças podem estudar sem pagar mensalidade. “Quero ajudá-las da única forma que posso.” Há um mês, a belo-horizontina fundou a Associação Chico Arantes de Combate ao Câncer Infantil, com o plano de capacitar outros professores para classes hospitalares. “Espero conscientizar as pessoas sobre a importância de levar o estudo para esses pequenos.”

 

Matéria extraída do site Planeta sustentável