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Assim que entra em uma das salas de aula do projeto Dançando para Não Dançar,Thereza Aguilar é logo cercada por meninas vestidas com collant, meias cor-de-rosa e sapatilhas de ponta. Chamada de "tia" pelas pequenas bailarinas, ela retribui o carinho dirigindo-se a cada uma pelo nome.

É assim tanto na sede do programa, um casarão de cinco andares e aparência aristocrática no centro da cidade, quanto nas unidades instaladas em quase vinte favelas cariocas, onde ela promove a inclusão social por meio do balé. "Eu mesma comecei minha carreira graças a uma bolsa de estudos concedida pela Tatiana Leskova (famosa dançarina nascida em Paris, filha de pais russos e que na década de 40 se radicou no Brasil)", conta. 

Em uma espécie de retribuição, Thereza começou a dar aulas gratuitas de dança no fim de 1994, em sala improvisada no Pavão-Pavãozinho. Aos poucos, seus pupilos e pupilas foram sendo aceitos por renomadas — e elitizadas — instituições, como a Escola de Dança Maria Olenewa, ligada à Fundação Theatro Municipal. Hoje, não são raros os casos de êxito internacional, como o de Bárbara Mello, solista do Teatro de Dortmund, na Alemanha, e ex-aluna do projeto social. 

Com padrinhos famosos, como o cineasta Walter Salles e a bailarina Ana Botafogo, o Dançando para Não Dançar já atendeu, nesses quase vinte anos, cerca de 10 mil jovens. Às aulas, gratuitas, somam-se atendimento médico, odontológico e nutricional, além de oficinas de inclusão digital para as mães de alunos. 

Hoje, 1.500 jovens fazem parte do programa graças a patrocínio e apoio de empresas e instituições, caso da Petrobras e da Faperj. Ainda assim, Thereza faz questão de acompanhar cada detalhe. "Toda semana visito todas as nossas salas de aula", afirma. Para dar conta, acorda às 6h30 e, frequentemente, não retorna à sua casa antes das 21h30. Esse expediente prolongado é dedicado à coordenação de projetos, supervisão de professores e concepção de espetáculos para apresentações de fim de ano. Em 2014, o tema escolhido defenderá a consciência ambiental e enaltecerá o Rio São Francisco. Prova de que, além de preocupar-se com o corpo, Thereza quer também inspirar a consciência de suas "sobrinhas".

 

Matéria extraída do site Planeta Sustentável

Postado em 14/05/2014 às 09:30

Dançando para não dançar

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