Há três meses a secretária Jéssica Aragão Barbosa, 34 anos, deu à luz a pequena Sofia. Um momento muito especial na vida da mãe de primeira viagem. E cheio de desafios. Um deles foi a amamentação. Jéssica desenvolveu hipogalactia, baixa produção do leite materno. “Muita gente acha que mamar é um ato intuitivo, mas na verdade não é assim. A amamentação tem que ser aprendida e estimulada, depende da habilidade da mãe, do bebê e de muita paciência. No início eu tinha muito leite, mas Sofia não sabia sugar direito. A quantidade era tanta que causou empedramento no seio e, até ela aprender, sofremos muito. Hoje o leite que produzo dá para a Sofia, mas às vezes tenho que complementar”, conta Jéssica.
Assim como ela, muitas mulheres têm problemas para alimentar seus bebês, seja por baixa produção de leite ou outras complicações ligadas à amamentação. E para não inserir na dieta o produto em pó ou outros alimentos que podem atrapalhar o desenvolvimento das crianças, elas recorrem aos bancos de leite espalhados por todo o País. O problema é que em muitos estado o volume de leite armazenado não atende à demanda.
Para reverter esse quadro, o Ministério da Saúde lançou no mês de maio a campanha nacional de doação de leite humano 2014. Com o slogan “Quando você doa leite materno, doa vida para o bebê e força para a mãe”, a mobilização pretende aumentar em 15% o volume de leite coletado no Brasil, ampliando assim o número de bebês beneficiados. Aliás, nem todo mundo sabe, mas nosso modelo de Banco de Leite é referência em todo o mundo. Desde 2005, exportamos nossas técnicas de baixo custo para inserir bancos de leite humano em 23 países da América Latina, Caribe hispânico, Península Ibérica e África.
Os bancos de leite são uma das principais ações do ministério para reduzir a mortalidade infantil em nosso país, já que este é o principal alimento da infância, reforça a qualidade de vida e aumenta a defesa das crianças contra uma série de doenças. Ironicamente, o número de doadoras de leite materno vem caindo nos últimos dois anos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2012 foram 179.113 voluntárias; em 2013 houve 159.592 doadoras.
Uma delas foi Priscila David Nunes, de 26 anos, mãe de Arthur (4 anos) e Helena (3). Logo após dar à luz o primeiro filho, ela foi orientada pelo hospital a doar seu leite. E para isso contou com a ajuda do Corpo de Bombeiros. “Eu tive o Arthur num hospital particular, e lá mesmo eles me deram um vidro para armazenar o leite. Mesmo com a ajuda deles, eu preferi doar para a rede pública, então, entrei em contato com os bombeiros pelo 193 e eles me ensinaram a fazer a coleta para doação”, relata Priscila.
E essas dicas são mesmo necessárias, a fim de que o leite seja bem aproveitado, sem desperdícios. “Eu recebi orientação de como fazer a higienização da mama, e até dicas para a minha alimentação. Os bombeiros iam à minha casa buscar o leite coletado e deixar novos potes, de acordo com a minha produção. Eu procurava fazer tudo da melhor forma possível para que o leite fosse bem aproveitado, já que da minha casa ele passava por uma análise para, só então, ser doado à outra criança”, conta Priscila.
A campanha nacional de doação de leite humano 2014 - que enfoca a importância do leite materno para salvar vidas de recém-nascidos prematuros e internados que não podem receber o alimento da própria mãe - têm como madrinhas uma mãe doadora e uma mãe receptora. Andréa Santa Rosa, esposa do ator Marcio Garcia, mãe de quatro filhos é a doadora de leite materno. E Rany Souza é a receptora, mãe de Isabela, que nasceu prematura e ficou internada na UTI neonatal do IFF/RJ.
Para obter mais informações sobre doação de leite humano ou esclarecer dúvidas relativas à amamentação, ligue gratuitamente para 0800 026 8877.
Matéria extraída do site Mobilização Social.
Postado em 27/06/2014 às 11:00
Doação de leite humano
